Navegando pelas adversidades no ecossistema de investimentos da América Latina

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Maeve Harris
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2 May 2023; Izabel Gallera, Partner, Canary, on Venture Stage during day one of Web Summit Rio 2023 at Riocentro in Rio de Janeiro, Brazil. Photo by Sam Barnes/Web Summit Rio via Sportsfile

O investimento e a captação de recursos na América Latina estiveram em foco no Web Summit Rio, quando VCs subiram ao palco.

A captação de recursos foi muito discutida no Web Summit Rio, com especialistas da Canary, SafeSpace e Astella compartilhando suas percepções.

O cenário da captação de recursos na América Latina

De acordo com Izabel Gallera, sócia da Canary – uma empresa de capital de risco em estágio inicial que se concentra exclusivamente na região da América Latina – o estado atual da captação de recursos para startups na América Latina é próspero.

“Quando começamos a investir em 2017 em comparação com agora, temos – como um ecossistema nesta região – três vezes mais negócios chegando”, afirmou Izabel, indicando que a atividade empresarial na região tem aumentado constantemente nos últimos anos.

“O capital de risco em estágio inicial tem 14,5 vezes mais pó seco do que a classe de ativos tinha em 2016 e 2017.”

Mas o que exatamente levou à entrada de capital na região? E como isso diferencia a América Latina do resto do mundo?

“Não quero estereotipar, mas, em média, sinto que os fundadores latino-americanos são muito mais resilientes, com muito mais agilidade, do que outros fundadores de outras regiões – em regiões bem desenvolvidas – e acho que isso se resume à histórica falta de liquidez.

“Portanto, se você tiver menos dinheiro disponível, terá que se concentrar em criar seu próprio negócio de forma sustentável e superar o desafio.”

‘Se você é um investidor, invista em mulheres’

Rafaela Frankenthal, cofundadora e CEO da SafeSpace, pediu aos investidores que se esforcem mais para encontrar projetos fundados por mulheres e fundadores para apoiar – e que sejam responsáveis pelos níveis de diversidade.

“Se você é um investidor, invista em mulheres. Elas existem. Procure por elas. Diversifique a origem de seu pipeline”, disse Rafaela. “Se você for um fundador, seja mentor de mulheres. Convide-as para eventos sociais. Comemore suas conquistas. Contrate-as.”

Rafaela acrescentou: “Se você tem uma equipe com 70% de homens, isso não é bom o suficiente. Você pode fazer muito melhor, portanto, responsabilize-se e contrate mulheres. E, se você for um líder que trabalha em uma empresa de tecnologia, promova iniciativas de diversidade e inclusão e questione os processos de tomada de decisão e os preconceitos na contratação e promoção.”

Rafaela falou sobre sua própria luta para garantir financiamento como fundadora: “Com base em minha experiência como fundadora de uma empresa de tecnologia, o maior obstáculo que as mulheres enfrentam hoje é o acesso ao capital. É muito difícil criar uma tecnologia inovadora sem acesso a capital, e o setor de capital de risco hoje é dominado por homens.”

“Há preconceitos em todos os lugares nos processos de tomada de decisão – especialmente quando estamos falando de estágio inicial, em que a maioria das decisões se baseia principalmente em intuição, portanto, são realmente vulneráveis a preconceitos. … Até o momento, apenas 4,7% das startups brasileiras são fundadas por mulheres.”

No entanto, Rafaela acrescentou que as mulheres estão começando a ter um grande impacto em áreas da tecnologia que antes eram negligenciadas.

“Há tantas coisas interessantes acontecendo na área de tecnologia no momento, e estamos vendo o primeiro grupo de fundadoras finalmente tendo acesso a oportunidades e construindo sua própria visão.”

Para a tecnologia brasileira, o investimento diminuiu antes de aumentar

Laura Constantini – cofundadora e sócia da Astella VC brasileira e pioneira em VC no Brasil – acredita que as startups brasileiras estão enfrentando um momento de fluxo duradouro.

Tendo iniciado a Astella durante a crise financeira de 2008, Laura já passou por tudo isso.

“O desafio tem sido passar de um mercado muito líquido para um mercado muito seco em termos de recursos”, disse Laura. “Além disso, a mentalidade mudou de crescer a todo custo para uma mentalidade de eficiência. Essa mudança de mentalidade foi muito difícil, e vimos fundadores lutando.”

De acordo com Laura, para as startups em dificuldades no Brasil, as chances de investimentos vindos do lucrativo mercado norte-americano não são garantidas, pois os VCs dos EUA não têm uma visão de perto do ecossistema. No entanto, as macrotendências do financiamento tecnológico brasileiro permanecem amplamente positivas, apesar das flutuações atuais.

Laura prevê um aumento nos próximos meses: “Acho que veremos uma dinâmica muito interessante daqui a pouco. Para os investidores brasileiros, a maioria deles ainda está esperando por um melhor momento para a captação de recursos. A maioria dos nomes que conhecemos no Brasil voltará ao mercado para captação de recursos no segundo semestre do ano. Ainda falta um pouco de tempo para vermos a liquidez voltar ao cenário.”

O terceiro dia do Web Summit Rio começa amanhã! Acompanhe toda a ação em nossos canais sociais usando a hashtag #WebSummitRio no Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn.

Imagem principal da parceira das Canárias, Izabel Gallera, no Web Summit Rio: Sam Barnes/WebSummit(CC BY 2.0)

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